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Boa leitura a todos ;)
Capitulo 2
Eu e minha aracnofobia
Rapidamente eu
peguei no sono e, mesmo com aquela confusão toda, foi um sono tranquilo, sem
sonhos ou pesadelos. Quando eu acordei, depois de meia hora,percebi que
estávamos chegando na rodoviária.
-A gente vai
pegar um ônibus até Long Island, é o jeito mais rápido que eu estou vendo para
chegar ao acampamento. Eu devia ter trazido algum dracma,aí eu poderia mandar
uma mensagem de Íris pedindo transporte...-reclamou Terry,que estava calçado e
com seu boné na cabeça(ainda bem,por que um sátiro chama muita atenção).
- Terry, o que
é um dracma? - perguntou timidamente Marissa.
- Ah!É a moeda
grega, sabe? De ouro e tal. E uma mensagem de Íris é tipo um meio de
comunicação...por arco-íris...a gente oferece um dracma para a deusa e se
comunica com quem quiser. - explicou.
- Ah ta... É
meio estranho...
O ônibus chegou
à rodoviária e nós descemos. Terry foi comprar passagens para nós enquanto eu e
Marissa ficávamos sentados assistindo TV.
- Quando você
acha que eles vão notar a nossa falta?Sabe... o pessoal do orfanato.-perguntei.
- De verdade?Eu
acho que nunca!-respondeu Marissa, com armagura. -Eu detestava aquele lugar...
Só não tinha fugido ainda por sua causa.
- Minha?
- E do Terry
também!-ela completou rápido.
- Pelo jeito a
gente nunca vai voltar!-eu falei com um misto de felicidade e receio.
- É... pelo
jeito...
Terry voltou
com três passagens nas mãos.
- Pronto!Tudo resolvido!A
gente vai até a Pennsylvania e de lá a gente pega outro ônibus para New York.
Entramos no
primeiro ônibus e a viagem começou. Ficamos até de madrugada viajando, sem
nenhuma parada(Terry queria chegar o mais rápido possível), havíamos previsto
que em dois dias chegaríamos,mesmo a distância sendo grande. Nós lanchamos um
pouquinho no ônibus (eu sempre roubava algo da cozinha pra comer
escondido...não é a toa que eu não estou em forma) e descansamos.Quando deu
duas horas da madrugada o ônibus chegou na rodoviária da Pennsylvania e nós
descemos. O lugar estava quase deserto e tinha um clima ruim,sem falar que
estava todo acabado, sujo, pinchado.
Nós fomos atrás
de alguma lanchonete e encontramos algo que um dia deve ter sido uma... parecia
mais um lata de lixo que vendia comida.O lugar era bastante sujo ,empoeirado e
tinha muitas teias de aranha sobre tudo. Pelo menos a vendedora era bonita e
bem arrumada, ela estava distraída tecendo um bordado. Eu estava quase
desistindo de comer ali, mas a minha gulodice venceu o nojo e eu fui fazer meu
pedido junto com os outros.
- Moça... o que
a senhorita tem pra vender?-perguntei nervoso.
Ela olhou pra
mim com uma cara distraída e ficou me encarando. Do nada ela responde:
-Hambúrgueres e
refrigerante!
-Ah... Então me
vê três hambúrgueres e três refrigerantes?
Ela foi
preparar o lanche e rapidamente voltou. Pelo menos a comida não parecia nojenta
como o lugar.
Nós pagamos e
caminhamos até um banco próximo e nos sentamos e começamos a comer.
Particularmente essa moça cozinhava bem!Então eu me lembrei de perguntar uma
coisa que estava me incomodando.
- Terry, por
que os outros não perceberam que a senhora Harper era um monstro?Por que eles
não ouviram a confusão na cozinha?E por que nunca foi noticiada a existência de
algum monstro?
- Então, tem
essa coisa chamada A Névoa. Ela é como se fosse um véu que separa o mundo
normal do mundo mitológico. Nós que somos parte do mundo mitológico podemos ver tudo, mas
os outros não.Se bem que as vezes a Névoa pode nos confundir
também,principalmente os semideuses, que tem ligação com o mundo normal!
- Ah... Entendi...
Após termos
terminado de comer tudo (tudo mesmo! O Terry comeu as latas de refrigerante e
os lenços...). Marissa pediu pra ir ao banheiro e nós aproveitamos pra ir
também. Na ida, olhei pra lanchonete, mas a moça não estava lá... Estranho. Entramos
no banheiro imundo (Marissa no feminino, é claro!) e fizemos o que tínhamos de fazer.
No instante em que saí da cabine,ouvi um grito enorme. Era Marissa.
Corri pro
banheiro feminino, com Terry atrás de mim, e entramos de supetão. Na frente dos
espelhos manchados estava Marissa, pálida e com uma cara terrível e na parede
do outro lado havia... Dezenas, não, centenas de aranhas de todos os tipos e
tamanhos (eu ainda não mencionei que odeio aranhas). E no meio delas estava a
vendedora da lanchonete, com uma cara maníaca!
- Semideus,
saia!Aqui é um banheiro feminino! - ela sussurrou friamente com um sorriso
medonho.
Eu corri para o
lado de Marissa e Terry sacou sua espada.
- Quem é
você?-perguntei me tremendo de medo. (eu já disse que odeio aranhas?)
- Semideuses...
Vocês pagarão pelo que fizeram a mim!Sua parenta idiota, invejosa!Me fez ficar
assim...
E a coisa ficou
mais estranha. As pernas da moça se deformaram e se dividiram em três pares, sem
contar que ficaram cabeludas. Os dentes dela cresceram e viraram algo parecido
com pinças. E eu via a maior aranha do mundo surgir na minha frente!Bem... Era
meio aranha e meio mulher!Possuía seis pernas e dois braços, somando oito
membros e quelíceras saltavam de sua boca. Eu tive que me segurar para não
vomitar.
- Sim!Sua
parenta Atena!Ela me fez ficar assim, aquela invejosa!Só por que não sabia
tecer melhor que eu, Aracne! Mas eu me vingarei e matarei todos os semideuses,
aí ela sofrerá!
E avançou.
Terry pulou na nossa frente e brandiu a espada espantando o monstro.
- Fujam!-ele
disse.
Nós corremos, mas
as aranhas correram atrás de nós. A porta estava bloqueada por teias, muitas
teias (que eu não faço idéia de onde veio), e elas avançavam para nós. Passamos
um bom tempo só nos esquivando delas enquanto Terry batalhava com
Aracne.Tínhamos de nos livrar daquelas coisas asquerosas e rápido.Então Marissa
teve uma idéia:
- Samuel!A
pia!Quebre o cano e deixe a água levar essas aranhas!
- Ok!
Então eu corri
para o lado das pias e puxei um cano enferrujado. Ele facilmente se soltou e a
água jorrou forte em direção as aranhas que nos perseguiam.Elas foram
arrastadas pra longe e pararam de se mover (espero que aranhas morram
afogadas).Então ouvi um barulho e olhei pra luta de Terry.Aparentemente Aracne
havia o derrubado no chão e estava em cima dele,preparando pra enfiar suas
quelíceras em seu pescoço.Sua espada havia caído perto de Marissa,que olhava a
cena chocada.
Instintivamente
eu corri em direção ao monstrengo e acertei o cano enferrujado em sua nuca. Ela
se virou enraivecida e se jogou sobre mim.
- O primeiro a
morrer será você! - sussurrou sobre mim.
Do nada aquelas
aranhas asquerosas que estavam mortas (eu acho) começaram a caminhar para onde
eu estava e começaram a subir em mim!Eu olhei para o lado e vi Marissa
aterrorizada, Terry estava meio que imobilizado e Aracne estava em cima de mim
babando. As aranhas começaram a tecer teias muito rápido e me prenderam
fortemente.
- Sabe que
aranhas digerem a presa antes de comer? - disse Aracne com as quelíceras perto
do meu pescoço.
Senti que iria
virar jantar daquelas aranhas. Minhas esperanças se reduziam cada vez mais ao
sentir que estava praticamente todo recoberto de teias (o fato de eu amar
aranhas só ajuda né?).
Mas antes que
pudesse fazer algo, Marissa inesperadamente apareceu com a espada de Terry na
mão (não me pergunte como foi que ela aprendeu a manusear uma espada tão bem,
mas naquele momento a vi como uma verdadeira heroína) e após brandir um grito
desbravador cortou a cabeça de Aracne. A criatura soltou um guincho altíssimo e
se dissolveu em pó. As aranhas e a teia que me prendiam também sumiram, assim
como a teia que bloqueava a porta. Eu me levantei muito aliviado e dei um
abraço em Marissa.
- Muito
obrigado. -disse.
- Não há de
quê. -ela respondeu.
Terry se
levantou meio tonto, mas parecia estar bem.
- Que coisa
horrível!Mais monstros!Eu sou mesmo um desastre!-Terry falou desanimado.
- Se não fosse
por você, nós já estaríamos mortos no orfanato. -Marissa comentou e eu assenti
com a cabeça.
- Muito
obrigado a vocês, sempre me animando... -ele disse- Mas vamos. Temos que pegar
o próximo ônibus logo!Com essa confusão o tempo passou bem rápido.
Saímos daquele
banheiro horrível e nos dirigimos ao terminal de ônibus e, felizmente, ele já
estava lá. Entramos e nos acomodamos sujos, suados e cansados, mas felizes.
Estávamos próximos do nosso destino final, e isso era um alivio tão grande que
nenhuma aranha gigante poderia nos preocupar. Próxima parada: Acampamento Meio-Sangue!